domingo, junho 03, 2007

Efemeridade

Este é mais um excerto fantástico sobre as coisas simples da vida...


«-Mas tu, tu vieste de muito longe! És um explorador! Anda, descreve-me o teu planeta!

E, tendo aberto o livro de registos, o geógrafo pôs-se a afiar o lápis. As descobertas dos exploradores, primeiro, são anotadas a lápis. Só depois de o explorador apresentar as suas provas é que são passadas a tinta.

-Então, quando é que começas? - perguntou o geógrafo.

-Oh! Lá, onde eu vivo, não há grande coisa. É um sítio muito pequenino. Tenho três vulcões. Dois vulcões em actividade e um vulcão extinto. Mas nunca se sabe...

-Pois, nunca se sabe... - corroborou o geógrafo.

-Também tenho uma flor.

-As flores, não as assinalamos - disse o geógrafo.

-Porquê? É o mais bonito de tudo!

-Porque as flores são efémeras.

-E o que é que "efémero" quer dizer?

-As geografias - respondeu o geógrafo são os livros mais preciosos que há. Nunca passam de moda. É raríssimo que uma montanha mude de lugar. É raríssimo que um mar se esvazie de água. Nós só escrevemos coisas eternas.

-Mas os vulcões extintos podem despertar - interrompeu o principezinho. - E o que é que "efémero" quer dizer?

-Para nós, os vulcões estarem extintos ou em actividade é exactamente a mesma coisa. Para nós, o que conta é a montanha. Essa não muda.

-Mas o que é que "efémero" quer dizer? - voltou a repetir o principezinho que, uma vez que a fizesse, nunca em dias da sua vida desistira de uma pergunta.

-Quer dizer que "se encontra ameaçado de desaparição a curto prazo".

-Então a minha flor está "ameaçada de desaparição a curto prazo"?

-Evidentemente!

"A minha flor é efémera", pensou o principezinho, "e só tem quatro espinhos para se defender do mundo inteiro. E eu deixei-a lá sozinha!"

Foi a primeira vez que se arrependeu de ter partido»...


Na vida, tudo é efémero: as coisas, os sentimentos, e até mesmo a própria vida!
Uma vez que principezinho se sentiu cativado pela flor, talvez sejam apenas as coisas efémeras que nos cativam, quiçá pelo risco de as podermos perder, pelo simples facto de não serem nossas para sempre...

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